O Pincel Mágico que Perdeu as Cores
Numa pequena casa com um jardim cheio de flores traquinas, vivia uma menina chamada Lia. A Lia tinha uma caixa de tesouros, e o seu maior tesouro era um pincel que a sua avó lhe tinha dado. Não era um pincel qualquer! Tinha um cabo de madeira que brilhava com as cores do arco-íris e, quando a Lia pintava, os desenhos ganhavam vida!
Numa tarde solarenga, a Lia decidiu pintar um amigo para o seu peixinho dourado, o Bolhas, que parecia um pouco sozinho no aquário. Com o seu pincel mágico, desenhou um cavalo-marinho com um sorriso maroto. Fshhhh! O desenho saltou do papel para a água, mas… algo estava errado. O cavalo-marinho era completamente cinzento! Nadava de um lado para o outro, mas sem a alegria das cores.
“Oh, não!”, exclamou a Lia, desapontada. “O que se passa, Pincel? Foste de férias e esqueceste-te das cores em casa?”
Ela tentou outra vez. Desenhou uma borboleta para poisar no nariz da sua gata, a Farofa. A borboleta ganhou vida, mas as suas asas eram do mesmo tom de cinzento que um dia de chuva. A Farofa olhou para a borboleta, bocejou e voltou a dormir, nada impressionada.
Frustrada, a Lia sentou-se no jardim e olhou para o pincel. O brilho do arco-íris no cabo parecia mais fraco. Foi então que a Inês Sorriso, a sua vizinha que estava sempre a inventar canções divertidas, espreitou por cima da cerca.
“Olá, Lia! Que cara é essa? Parece que o teu gelado caiu para o chão!”, disse ela com uma gargalhada.
A Lia explicou o mistério do pincel cinzento. A Inês ouviu com atenção e depois disse: “Hmm, se calhar o teu pincel não precisa de mais tinta, precisa de mais… sentimento! A criatividade não vive só nas cores que vemos, mas na alegria que sentimos ao criar.”
“Sentimento?”, perguntou a Lia, confusa.
“Claro! Fecha os olhos. Pensa na sensação do sol na tua cara. Isso é amarelo! Pensa no abraço quentinho da tua mãe. Isso é cor-de-rosa! Pensa na gargalhada que dás quando brincas às escondidas. Isso é laranja!”
A Lia fechou os olhos e pensou com muita força na sua cor preferida: o azul do mar nas férias de verão. Imaginou o som das ondas, o cheiro do sal e a frescura da água. Sentiu uma alegria tão grande que deu um pulinho. Quando abriu os olhos, o cabo do pincel brilhava intensamente!
Com o coração a saltar de felicidade, a Lia mergulhou o pincel no ar, como se estivesse a pintar o céu. E, desta vez, quando desenhou um pequeno pássaro, ele saiu do papel a cantar, pintado de um azul vibrante e com o peito amarelo como o sol que ela tinha imaginado!
O cavalo-marinho cinzento, ao ver o pássaro, deu uma pirueta e ganhou riscas cor-de-laranja. A borboleta adormeceu e acordou com as asas pintadas de mil cores, voando alegremente pelo jardim. A Lia percebeu que a verdadeira magia não estava apenas no pincel, mas dentro dela. A sua imaginação, os seus sentimentos e as suas memórias eram a paleta de cores mais bonita do mundo.
Moral da história: A nossa criatividade e os nossos sentimentos são as cores mais importantes para tornar o mundo um lugar mais bonito e divertido.
Perguntas para conversar em família:
1.Se pudesses pintar um sentimento, que cor teria a alegria?
2.O que farias se tivesses um pincel mágico por um dia?
3.Qual é a tua memória mais colorida?