O Esquilo que Não Sabia Partilhar
Era uma vez, no coração de uma floresta cheia de árvores altas e flores coloridas, um esquilo chamado Kiko. O Kiko tinha o pelo mais fofo e um rabo que parecia um grande ponto de interrogação. Ele era conhecido por ser o esquilo mais rápido a descascar uma noz, mas também o mais… digamos… “ciumento” das suas guloseimas.
Numa manhã de outono, enquanto o sol pintava o céu de laranja e rosa, o Kiko encontrou um tesouro: uma árvore carregada com as avelãs mais brilhantes e gorduchas que alguma vez vira! Os seus olhos pequeninos brilharam. “São todas minhas!”, pensou ele, com o coração a bater depressa. E, num piscar de olhos, começou a colher todas as avelãs, uma por uma, sem deixar nenhuma para trás.
Os seus melhores amigos, o coelho Zé Saltitão e a passarinha Pipa Melodia, viram a azáfama do Kiko. “Olá, Kiko!”, disse o Zé, abanando as orelhas compridas. “Queres ajuda? Podemos fazer um lanche de avelãs todos juntos!”
O Kiko, com as bochechas tão cheias que mal conseguia falar, abanou a cabeça. “Não, obrigado! Estas avelãs são… uhm… especiais. São para um projeto secreto!” E fugiu para a sua toca, um buraco confortável no tronco de um carvalho antigo.
Nos dias seguintes, o Kiko passou o tempo a contar, a polir e a arrumar as suas avelãs. Ele tinha tantas que mal cabia na sua própria casa. Enquanto isso, o Zé e a Pipa chamavam-no para brincar. “Kiko, vamos jogar à apanhada nas folhas secas!”, cantou a Pipa. “Kiko, queres vir ver o reflexo da lua no lago?”, convidou o Zé. Mas a resposta era sempre a mesma: “Agora não posso, estou muito ocupado com o meu projeto!”
A verdade é que o Kiko começava a sentir-se um pouco sozinho. Comer avelãs era bom, mas comê-las sozinho não tinha a mesma graça. Ele ouvia as gargalhadas dos seus amigos lá fora e suspirava. O seu “tesouro” parecia cada vez menos brilhante.
Certa noite, uma grande tempestade abanou a floresta. O vento assobiava e a chuva caía com força. O Kiko encolheu-se na sua toca, mas um raio de luz assustou-o tanto que ele tropeçou e a porta secreta do seu armazém de avelãs abriu-se. As suas preciosas avelãs rolaram pela toca fora, espalhando-se por toda a floresta molhada.
Na manhã seguinte, o Kiko saiu e viu o desastre. As suas avelãs tinham desaparecido! Sentou-se num cogumelo, com as orelhas murchas e os olhos cheios de lágrimas. O seu grande tesouro tinha-se ido.
Foi então que o Zé e a Pipa apareceram. Em vez de rirem, olharam para o amigo com carinho. “Não te preocupes, Kiko”, disse a Pipa, pousando na sua cabeça. “Nós ajudamos-te a encontrá-las!”
E assim fizeram. Os três amigos passaram o dia a procurar. O Zé, com o seu faro apurado, encontrava as avelãs debaixo das folhas. A Pipa, com a sua vista de pássaro, descobria-as nos ramos mais altos. O Kiko, com a sua rapidez, juntava-as num instante. No final do dia, tinham recuperado quase todas.
O Kiko olhou para o monte de avelãs e depois para os seus amigos, sujos de lama, mas sorridentes. O seu coração encheu-se de um sentimento quentinho que era muito melhor do que ter todas as avelãs do mundo só para si.
“Amigos”, disse ele, com a voz um pouco trémula. “O meu projeto secreto era… era… partilhar estas avelãs convosco! Vamos fazer um piquenique!”
O Zé e a Pipa deram uma grande gargalhada. A partir daquele dia, a toca do Kiko tornou-se o lugar mais popular da floresta, onde havia sempre avelãs e risos para partilhar.
Moral da história
A amizade é o tesouro mais valioso, e partilhar torna tudo mais divertido.
Perguntas para conversar em família
1.Porque é que o Kiko não queria partilhar as suas avelãs no início?
2.O que é que os amigos do Kiko fizeram para o ajudar quando ele ficou triste?
3.Lembras-te de uma vez em que partilhaste algo com um amigo? Como te sentiste?
Autor: Inês Sorriso