A Ponte das Cores
Na aldeia do Vale Verde, onde as casas pareciam cogumelos coloridos aninhados entre colinas suaves, vivia um rapaz chamado Leo. O Leo tinha um cabelo tão espetado como os seus lápis de cera e uma imaginação que corria mais depressa que o rio que atravessava a aldeia. Do outro lado do rio, ficava a Floresta Antiga, um lugar mágico e silencioso, guardado por uma velha ponte de pedra.

A ponte era o coração da aldeia. Era por ali que todos passavam: as crianças a caminho da escola, os padeiros com o pão quente e os avós a caminho do mercado. Mas a ponte estava velha e cinzenta, e a presidente da junta de freguesia decidiu que era altura de lhe dar uma nova vida com uma camada de tinta fresca. A tarefa foi entregue às crianças da escola, sob a orientação da sua professora, a Clara.
O Leo ficou radiante. “Vamos pintar a ponte com as cores do arco-íris! Com relâmpagos, estrelas e padrões geométricos! Vai ser a ponte mais moderna do mundo!”, exclamou ele, agitando os braços no ar.

Mas a Sofia, uma menina de olhos curiosos que adorava os segredos da floresta, não concordou. “Não, Leo. A ponte faz parte da natureza. Devemos pintá-la com os tons da floresta: o verde do musgo, o castanho dos troncos, o azul do rio. Assim, não assustamos os pássaros nem os esquilos.”
O conflito instalou-se. Metade da turma ficou do lado do Leo e da sua explosão de cor. A outra metade apoiou a Sofia e a sua paleta de cores naturais. A discussão tornou-se tão acesa que ninguém conseguia pegar num pincel. A ponte continuava cinzenta e triste, e agora, as crianças também.
A professora Clara, que observava tudo com a sua calma habitual, reuniu-os num círculo. “Eu vejo duas ideias maravilhosas”, começou ela, com uma voz doce. “O Leo quer trazer alegria e energia à nossa aldeia. A Sofia quer proteger e respeitar a tranquilidade da nossa floresta. Ambos têm razão. O que acham que está a faltar?”

As crianças olharam umas para as outras, em silêncio. Foi o Leo quem arriscou: “Falta… ouvirmos uns aos outros?”
“Exatamente!”, sorriu a Clara. “Falta respeito pelas ideias de cada um. Respeitar não é concordar sempre, mas sim ouvir com o coração e tentar perceber o ponto de vista do outro. E também falta respeito pela própria ponte, que liga dois mundos: a nossa aldeia e a floresta.”
Aquelas palavras fizeram eco. A Sofia olhou para o Leo e viu o seu desejo de criar algo vibrante. O Leo olhou para a Sofia e compreendeu a sua preocupação com os animais e as árvores.

Então, uma nova ideia começou a nascer, uma ideia feita de duas. “E se…”, começou a Sofia, “…pintássemos o lado da ponte virado para a aldeia com as tuas cores, Leo? Com a tua alegria?”
O Leo completou, com um brilho nos olhos: “E o lado virado para a floresta com as tuas cores, Sofia! Para que a natureza se sinta bem-vinda!”
E foi assim que fizeram. De um lado, a ponte ganhou formas geométricas e cores vivas que celebravam a energia da comunidade. Do outro, vestiu-se de tons suaves e serenos, como um abraço para a floresta. No meio, as cores misturavam-se numa transição harmoniosa, criando um efeito surpreendente.
A ponte tornou-se a maior atração do Vale Verde. As pessoas vinham de longe para admirar aquela obra de arte que contava uma história: a história de duas ideias diferentes que, juntas e com respeito, tinham criado algo único e muito mais bonito.
Moral da História
O respeito é uma ponte que nos une. Ao ouvir e valorizar as ideias dos outros e o mundo à nossa volta, construímos algo muito mais bonito juntos.

Perguntas para Conversar em Família
1.Já tiveste uma ideia muito diferente da de um amigo? Como resolveram?
2.Porque é importante respeitar a natureza quando fazemos algo novo?
3.Que outras coisas na nossa comunidade podemos fazer juntos, mesmo tendo ideias diferentes?
Autor: Clara Luz