O Pequeno Coelho e a Ponte das Estrelas
Havia, num tempo que já não tem relógio, um vale verdejante banhado por um rio de águas cintilantes. Nesse vale, morava um pequeno coelho de pelo macio como algodão, chamado Simão. Simão adorava saltar pelos campos e cheirar as flores, mas havia uma coisa que o deixava com o coração aos pulos: a Ponte das Estrelas.
A ponte não era feita de madeira nem de pedra. Era um arco de luz mágica que aparecia todas as noites, ligando as duas margens do rio. Do outro lado, os seus amigos — a raposa Matilde, o ouriço Cacheiro e a coruja Pia — esperavam por ele para contar histórias e ver os pirilampos dançar.

Simão queria muito ir ter com eles. Mas, quando olhava para a ponte a brilhar, as suas patinhas tremiam. E se a ponte fosse feita de sonhos e ele caísse? E se a luz fosse demasiado forte?
Numa noite de lua cheia, a coruja Pia voou até ele e pousou suavemente ao seu lado.
— Porque ficas sempre desse lado, pequeno Simão? — perguntou ela, com a sua voz sábia e calma.
— Eu tenho medo, Pia. A ponte brilha tanto… — confessou o coelhinho, com as orelhas descaídas.
Pia sorriu com os seus grandes olhos redondos. — A coragem não é a ausência de medo, meu amigo. A coragem é um passinho que damos, mesmo com o coração a tremer.

Na outra margem, a raposa Matilde e o ouriço Cacheiro acenavam, chamando por ele com gestos amigos. Eles sabiam do seu medo e esperavam com paciência.
Inspirado pelas palavras da coruja e pelo carinho dos amigos, Simão respirou fundo. Olhou para a ponte e, em vez de ver o brilho que o assustava, imaginou que eram estrelinhas a segurar-lhe nas patas para ele não cair.
Ele deu um passinho. Depois outro. O seu coração batia depressa, mas a cada passo, sentia-se um bocadinho mais forte. A ponte era macia e quentinha, como um abraço de luz. Quando chegou ao meio, olhou para baixo e viu o seu reflexo a sorrir na água.

Finalmente, chegou ao outro lado! Matilde e Cacheiro correram para o abraçar. Estavam tão felizes!
Naquela noite, Simão brincou como nunca. Descobriu que a ponte não era assustadora, mas sim um caminho mágico para a amizade e a diversão. E percebeu que a maior aventura de todas era encontrar a coragem dentro de si.

Moral da história
Até o mais pequeno dos coelhos pode encontrar dentro de si a maior das coragens para atravessar qualquer ponte.

Perguntas para conversar em família
1.De que é que o coelhinho Simão tinha medo?
2.Quem ajudou o Simão a sentir-se mais corajoso?
3.Já tiveste medo de fazer alguma coisa nova? O que te ajudou a tentar?
Autor: João do Tempo